Friday, March 4, 2011

(black and) blue

O dia tinha que pôr-se assim, chuvoso, sombrio, a concordar comigo que amanheci de negro sem querer acordar. Um bocadinho de mim a morrer todos os dias e a doer-me não sei bem onde_ cada dia que passa é um dia mais tarde, até ser tarde demais. Para tudo.
Uma voz na minha cabeça cheia de interrogativas, respondia-lhe se percebesse as perguntas que me faz ou se as respostas fizessem sentido. Mas assim fico calada, a chuva a teimar sem cair, lá fora. No ecrã da televisão os ensaios de triplo salto e de 400 metros e de lançamento de peso: fico por um momento presa aos movimentos dos atletas, o balanço, a tensão dos músculos, o voo e a queda, tudo tão certo e belo como a vida.
O meu coração um peso atirado para longe, chumbo com asas, a cair a pique, de repente, no relvado. Apanha-o, vá lá, segura-o na tua mão, tenta outra vez, fá-lo voar. Talvez um dia não caia e flutue no espaço, imune àquela força que atrai todos os corpos para o centro da terra.

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