Tuesday, August 31, 2010

Já alguma vez vos tinha dito

... que há músicas que são duches de água fria numa mente queimada? Não faz mal. Digo outra vez: há músicas que são duches de água fria numa mente queimada.E é Sigur Ros outra vez.

Friday, August 27, 2010

Carlos...

... é o único homem a quem ainda permito que me faça chorar. E dos muito poucos que mantêm essa capacidade.


Wednesday, August 25, 2010

Tuesday, August 24, 2010

Outono/Inverno 2010-2011

Folheava eu o site da Vogue para me inteirar das tendências da moda deste Inverno(trabalhinho de casa), quando me deparo com fotos dos desfiles da Calvin Klein. Não vou falar da roupa, porque é horrivel. Mas pior que a roupa, são as modelos: já vi toxicodependentes a arrumar carros com muito melhor aspecto. É aquilo, o conceito de "beleza"? O tema da colecção será a exumação de cadáveres? O que comeram as manequins no último mês? Um cournichon?
Quando dizem que a moda não é responsável pelos distúrbios alimentares nos jovens, eu quase consigo acreditar: ninguém no seu perfeito juízo pode querer ficar parecido com isto...

Sunday, August 22, 2010

Crítica da euforia

Eu já sei que vou ser mal interpretada, mas paciência.
Não gostando de generalizar e ainda menos de não gostar de quem não conheço baseada num factor como, por exemplo, o país de origem, assumo que, demasiadas vezes, os brasileiros me causam uma certa irritação.
Ainda ontem, um grupo de quatro brasileiras conseguiu pôr-me os nervos em franja, pelo simples facto de parecerem um bando de araras com o cio, a tagarelar a uma velocidade extraordinária e em gargalhadas a decibéis muito acima do permitido por lei. E sempre com aquela entoação eufórica que o português só tem quando ganha o euromilhões ou a selecção nacional ganha qualquer coisa importante.
O que me deixou a pensar: afinal, o que é que me irrita tanto? Resposta: não é a nacionalidade brasileira. É a porcaria da euforia. A verdade é que as pessoas que gozam da benção de serem optimistas, felizes, alto astral, boa onda, ou simplesmente alegres (a alegria é uma coisa tão prosaica), deixam-me fora de mim, quase tanto como aqueles mails com gatinhos e cãezinhos fofinhos e frases pirosas a brilhar. Prefiro mil vezes a companhia de gente com mau feitio, mas mais silenciosa. O que, obviamente, faz de mim uma pessoa muito, muito triste.

Sunday, August 15, 2010

A gata que queria voar

Chamo-me Jimi e ganhei uma história para contar.

Tudo começou quando decidi aprender a voar.


Na varanda da minha casinha

conheci muitos outros bicharocos:

borboletas, moscas, uma libelinha

e pássaros com ar de loucos.


Um pardal que se chama José

disse-me certo dia:

vem voar, eu mostro como é!

Vais saber o que é a alegria.


Como sou uma gatinha nova

E com força de vontade

Decidi logo pôr-me à prova

E cedi à curiosidade.


Saltei para o muro e olhei para o chão

Tão longe, lá no fundo!

Mas mais forte que medo no coração

Era a vontade de conhecer o mundo.


Vá lá, estou à espera! Salta!

Piou o José, esvoaçando à minha frente

Com tanto medo de alturas não és gata,

mais pareces gente!


Ora, aquilo feriu-me o orgulho,

Que eu sou bastante felina.

Destemida, sempre a fazer barulho,

Irrequieta, corajosa e ladina.


E para provar que não sou medrosa

E que não tenho nada a ver com gente

Mandei-o engolir a prosa

E dei um passo à frente.


A primeira coisa que senti foi o vento

E sob as patinhas o vazio.

Mas logo a seguir a dor do pavimento

E no estômago um arrepio.


Não me lembro depois muito bem

De tudo o que aconteceu

Só miava pela minha mãe

Enquanto o dia não nasceu.


No final de uma noite de dor,

(e que longa a noite foi)

A minha dona levou-me ao doutor

Para me tratar o dói-dói.


Levei duas picas no traseiro

A que nem torci o nariz

Deixaram-me descansar primeiro

E depois fizeram Raios-X


Para além de muito dorida

Não fui assim tão azarada

Porque a única ferida

foi a bacia fracturada.


Agora que voltei para casa

Já sei que me espera um mês

Em que vou ter que ficar sossegada

Para depois voar outra vez.










Monday, August 9, 2010

Quanto tempo o tempo tem?


Gostava de saber o que fizeste aos meus relógios: sem ti, competem os ponteiros para ver qual consegue estar mais tempo parado. O dia a ganhar horas, muito para lá das vinte e quatro. Um barulho qualquer dentro de mim que me acorda tão cedo e não me deixa adormecer.

Contigo por perto, o raio dos ponteiros numa corrida desenfreada, cavalos selvagens no desfiladeiro de cinco minutos. Galope impossível de travar sem ser esmagado.

Algo se passa com os meus relógios. És tu.

Thursday, August 5, 2010

O acordo

Detesto o acordo ortográfico. Leio um jornal ou uma revista e a minha voz mental soa a uma mistura de tia de Cascais com carocho arrumador de carros disléxico. Às vezes dou por mim a olhar para a mesma palavra 30 vezes antes de conseguir perceber bem de que se trata.
ator
aspeto
agosto
proteção
Não significam coisa rigorosamente nenhuma.