Thursday, March 26, 2009

Thursday, March 19, 2009

Tenho a comunicar que estou um bocado chateada

Acho que já tinha dito aqui que sou contra o acordo ortográfico, basicamente porque os brasileiros não mudam quase nada e nós mudamos muita coisa. E eu não acho bem. Já me tentaram convencer de que o acordo não vai piorar em nada as nossas vidas quotidianas e que é resultado da natural evolução da língua, mas também ainda não houve ninguém que me explicasse por a+b que vantagens é que o acordo tem.
Mas, concordando ou não, as alterações vêm aí. E se eu acho que todos os que não concordam com o casamento homossexual têm que se calar e habituar-se à ideia, porque ele vai acontecer, devo ser minimamente coerente e obrigar-me a mim mesma a lidar com o acordo ortográfico, mesmo não concordando. Vai daí, fui ver como tenho que começar a escrever e descobri mais mudanças do que estava à espera. Se há algumas que não passam de uma ervilha debaixo de sete colchões (como escrever as estações do ano com letra minúscula), há outras que me deslocam o pâncreas (e estou a ser eufemística):

- O desaparecimento das consoantes mudas. Elas até podem ser mudas e eu sou uma leiga nestas coisas, mas quando a palavra afectivo passar a escrever-se afetivo eu NÃO PRONUNCIO O "E" DA MESMA MANEIRA!!! Na primeira pronuncio aberto e na segunda fechado. O mesmo acontece com factura, que passa a ser fatura. E que dizer do tecto? Passará a ser teto. Assim: "têto". Parece-me que isto pode ter implicações engraçadas... não sei.

- A supressão dos assentos em palavras paroxítonas ou graves com o ditongo "oi": a palavra bóia, passa a boia. Para mim, a boia é a mulher do boi. Ou será do bói? Da mesma forma, asteroide, heroico e joia. Tudo "jôia"!

- Atente-se na queda dos acentos das seguintes palavras:

dêem .... deem
lêem ..... leem
pára ..... para
pêlo ...... pelo
pêra ..... pera
pólo ...... polo

Sou só eu que sou estúpida, ou as da direita não se lêem da mesma forma que as da esquerda?

Alguém se importa de me esclarecer? Vá lá... ensinar os ignorantes é uma obra de caridade. E a mim têm tanto a ensinar-me que rapidamente ganharão o céu.



Dia do Pai

Não podia deixar de partilhar aqui a lição de vida de um pai muito especial: chama-se Dick Hoyt e forma equipa com o seu filho Rick em maratonas e triatlos (corrida, natação e ciclismo). Para isso, Dick teve que aprender a nadar. Tudo seria muito simples, se Rick não fosse portador de uma deficiência que o impede de andar e falar. Ele comunica através da escrita num computador. Um dia pediu ao pai para correr numa maratona. E desde aí, a equipa Hoyt nunca mais parou. Porque o próprio Rick diz: "Quando corro, a minha deficiência desaparece."


Wednesday, March 18, 2009

Redacção: A Primavera


A Primavera é a estassão perferida de muita gente. Porque na Primavera o tempo está bom, há flôres de muitas côres e as andorinhas vêm fazer os ninhos. Eu não gosto assim muito da Primavera, porque os pólens das flôres me fazem espirrar e põem os meus olhos vermelhos. Também não intereça que esteja bom tempo, porque não posso andar ao ar livre nem brincar na rua, tenho que estar a trabalhar no escritório. Na Primavera as pessoas andam muito apaichonadas e aqueles bichos que vivem nas pessoas, chamados ormonas, acordam da ibernação e estão cheias de energia para pular. Por isso, muitas pessoas que no Inverno tinham tempo para ir comigo ao cinema ou sair à noite, agora arranjaram namorado e nem atendem o telefone. As pessoas apaichonadas metem nojo. Eu não gosto da Primavera.

Sunday, March 15, 2009

Escre(ver-me)

nunca escrevi

sou
apenas um tradutor de silêncios

a vida
tatuou-me nos olhos
janelas
em que me transcrevo e apago

sou
um soldado
que se apaixona
pelo inimigo que vai matar

Mia Couto

Thursday, March 12, 2009

Sobre o post anterior

Em Espanha, as ONG, as instituições religiosas e qualquer pessoa que ajude imigrantes ilegais fica sujeito a uma multa que vai dos 501 aos 10 mil euros.
Não comento.

Sunday, March 8, 2009

Os nossos filhos

Falamos tanto da nossa crise... Esquecemos que quando deixamos de ter dinheiro para um carro novo ou para jantar num bom restaurante, há muito tempo que milhares de pessoas já deixaram de ter o que comer. Quando olhamos para o nosso futuro e pensamos no desemprego e em todas as coisas com que sonhamos e não vamos conseguir obter e pensamos em deixar o nosso país, a nossa casa, a família e os amigos para procurar os nossos sonhos fora de portas, não nos lembramos de todos aqueles que embarcam em qualquer coisa que flutue, com as suas crianças ao colo, na esperança entrar na Europa. E morrem ainda antes de chegar à praia.
Agora pensem que o dinheiro que os países europeus (sobretudo a Espanha) gastam tentando impedir que essa gente consiga atravessar a linha invisível da fronteira e em repatriamentos é suficiente para levar condições de vida e saúde a toda a África... Injusto, não é?
A nós não nos importa que para lá do Mediterrâneo, no grande continente africano, morram à fome e sem acesso aos mais elementares cuidados de saúde pessoas que são filhos, mães, pais, irmãos de alguém. Só torcemos vagamente o nariz quando os cadáveres vêm nas ondas, bater à nossa porta.


Saturday, March 7, 2009

Aniversário

Nesse dia, pensei que era eu quem acabava. Não tanto para que me não coubesse o papel de vítima, mais para envergar as vestes sacrificiais de heroína. Hoje sei que foste tu quem acabou. Na madrugada em que me negaste o beijo que te pedi.
E o céu limpo. E o cheiro amarelo das mimosas.

Man Ray

Tuesday, March 3, 2009

O pincel

Voltei das minhas belas e prolongadas e maravilhosas férias, pensando ingenuamente que aquele trabalho que implicava calcular as horas extra e o trabalho nocturno em dívida desde 1995 já teria sido distribuído a uma colega estagiária e, portanto, estaria mais que feito. Qual não é o meu espanto quando ontem:

Dra. B.: Quer trabalho? Mas ainda não fez o que eu lhe pedi antes do Natal...
Marta: Qual?! (oh-grande-merda!)
Dra. B.: O cálculo das horas extra do sr. fulano, lembra-se?
Marta: Ah... Nunca mais me lembrei... (Só tive pesadelos com números durante duas semanas)
Dra. B.: Pois, ele ainda aí está à sua espera. Portanto, mãos à obra.

E lá vim eu, de rabinho entre as pernas, com a calculadora da loja dos chineses em punho, ver quanto é que aquela gente deve ao homem. Folhas e folhas de registos de horas de entrada e horas de saída. Cada vez que faço as contas, para confirmar, dá-me um número diferente. Se eu fosse menos básica a matemática, talvez inventasse um equação ou algo assim para resolver isto mais depressa.

Só me apetece ganir.