Thursday, May 31, 2007

Saudade


É meia noite. A velha Cabra dá o sinal e soam as primeiras notas das guitarras, com as primeiras lágrimas de quem ouve a sua última serenata. De quem ouve a sua primeira serenata. De quem ouve. Porque este é o momento em que todos somos absorvidos, por antecipação, pela evidência do sentimento da saudade.

Sentimos no olhar dos que nos rodeiam o mesmo orgulho que nos invade. Efe-erre-á!! E rendemo-nos sem complexos à sua inevitabilidade.

Afinal, é Coimbra que nos ensina a crescer e que nos embala os sonhos.

Ninguém precisa falar. Não são precisas palavras perante a surdez da própria chuva, silenciada no negro luto das capas.

Wednesday, May 23, 2007

Às vezes apetece-me odiar-te. Não querer ver-te, fugir de todos os sítios onde te posso encontrar, não suportar a tua voz nem a recordação do teu cheiro agarrada à minha pele.
Mas não cheguei a atravessar essa ponte que em segundos nos transporta do amor ao ódio. Por isso continuo consumida pela saudade, pelo ciúme, pela espera.
Acordo todos os dias para a tua ausência como quem acorda eternamente para a noite-noite.
E a luz que não chega...
Queria que voltasses, desconstruísses o meu corpo, refizesses o meu coração. E a luz que não chega...
Quando é que vais perceber que o que procuras não existe? Que no fim de todas as perguntas está uma pergunta, um vazio? Que a única certeza que existe é a incerteza? E a luz que não chega...
Esquece... Vê se existes sem pensar muito nesse existir. Ou vais acabar por morrer de cansaço, muito antes de a luz chegar.