Sunday, February 27, 2011

The alternative "O" night

E se o "O" não fosse de Oscar, mas de "Ohhhh...!"? Categoria única: hottest in any role. E os nomeados são:
Johnny Depp

Clive Owen



Jonathan Ryhs Meyers





Gael Garcia Bernal


Javier Bardem

Votai, caros membros e membranas.

The "O" night

Eu sei que tinha prometido nunca mais dar a mínima importância a uma Academia que não entregou o óscar de melhor filme ao Babel. Mas é mais forte que eu: noite de óscares é noite de óscares. Não vou dar palpites. Não posso, porque não vi todos os filmes nomeados, e estaria a ser muito injusta. Mas vou dizer por quem vou torcer esta madrugada, se conseguir não adormecer irremediavelmente durante a atribuição dos óscares nas categorias técnicas:

Iñarritu devia ganhar uma estatueta por "Biutiful", na categoria de melhor filme estrangeiro. Já fez coisas bastante melhores, é verdade: Babel, Amor Cão, 21 gramas. Sou uma fã incondicional do seu trabalho. Intrincado, duro, difícil de digerir, mas que fica na nossa cabeça tanto tempo depois de acesas as luzes da sala. Iñarritu vai ser sempre o meu realizador preferido.


E em "Biutiful", o desempenho de Javier Bardem é tão absolutamente brilhante, que não consigo imaginar mais ninguém a sair vencedor como melhor actor. Além disso, como é que eu não iria torcer pelo Bardem? (hot hot hot)

Devo dizer, no entanto, que os pequenos actores que são filhos de Bardem em "Biutiful" também deviam ser fortemente premiados. E a gaja feiosa mas muito talentosa que faz de ex-mulher.


Como melhor actor secundário, faço figas pelo Christian Bale. O homem é um camaleão. Basta.


Apesar de Melissa Leo ser a grande favorita ao Óscar de melhor actriz secundária, preferia que ganhasse a estranhíssima Helena Bonham Carter. Por isso mesmo: a estranheza.


Natalie Portman vai ser oscarizada pelo desempenho em Black Swan. E acho muito bem. A interpretação dela é o que o filme tem de melhor.


Este ano não tenho favorito na categoria de melhor filme. Nem me apetece torcer por nenhum. É da maneira que não me decepciono.


E porque é que o Tchaikovsky não é candidato à categoria de melhor banda sonora? hein??








Saturday, February 26, 2011

Auto-retrato

Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis
.

Natália Correia

going out tonight, baby!

Friday, February 25, 2011

magnólia


"A beleza é uma forma de justiça, quando já não existe justiça possível, é uma forma de alívio, quando já nada no mundo te alivia."



Angélica Liddell

Thursday, February 24, 2011

depois disto:

http://aeiou.visao.pt/inverno=f591551

como é que eu posso dizer que escrevo?

Sunday, February 20, 2011

por amor

_ Nunca desejei a morte a ninguém _ disse ele_ mas ultimamente desejei-lha.
_ Por amor...
_ Sim.
Então chorou. E eu com ele.

cisne negro

O que nos mata (ou nos impede de viver, que é o mesmo) é essa imagem de nós próprios que cravamos fundo nas entranhas e um dia nos fará esvair em sangue quando acordarmos e percebermos que não era verdadeira, de tanto ignorarmos os subtis avisos de um restolhar de asas.
Já agora: podem fazer mil e um filmes. Dançá-lo todas as noites, em todos os palcos do mundo. Pyotr Ilyich Tchaikovsky não perde a grandeza.


Saturday, February 19, 2011

brutal hearts



Do melhor que ouvi nos últimos tempos... (Thanks, Blanket! Ou, como diz a outra: sanks!)

Wednesday, February 16, 2011

de pequenino...

Ao analisar os vídeos que o meu tio fazia nas festas de família há uns anos atrás, descobri que, em qualquer ocasião, tivesse eu todos os dentes ou não, fizesse frio ou calor, estivesse em minha casa, no restaurante ou num quarto de maternidade em visita a mais um primo novo, eu estava sempre a fazer a mesma coisa: comer. Nos raros momentos em que isso não acontece, estou a ser simplesmente parva. A minha infância moldou definitivamente a minha personalidade adulta...


Esta foto foi tirada no início da festa, quando ainda não tínhamos começado a comer, e mesmo assim nota-se claramente o meu esforço para manter as mãos longe das sandes de mortadela.

A propósito, OLÁ pessoas que aparecem com barras pretas nos olhos! Vejam como protegi a vossa imagem!

you you you...

Tuesday, February 15, 2011

fada do lar


Devia ter entrado em modo estudo há uma semana, mas só devo começar hoje à noite. Antes disso, tenho tantas coisas para organizar que não sei sequer por onde começar. A organização precisa de listas. De prioridades. De disciplina (tão difícil...). E eu não posso começar a estudar sem:


1. Aspirar, limpar o pó e arrumar a sala.

2. Lavar a louça, as bancadas, o fogão, o microondas e o chão da cozinha.

3. Pensar em qualquer coisa para o jantar.

4. Aspirar o corredor e a casa de banho.

5. Fazer a cama, arrumar os quilos de roupa espalhados pelo quarto, limpar o pó e aspirar.

6. Lavar peças delicadas à mão.

7. Deitar o lixo fora.

8. Lanchar.


E perguntam vocês, leitoras disciplinadas cujas casas cheiram bem, cujo tempo chega para tudo, conseguem estudar enquanto fazem fricassé para 10 pessoas e ainda parecer sexys e ter as unhas pintadas: não achas que já devias ter começado às 9 da manhã? Sim. Mas não sou suficientemente disciplinada. Talvez consiga começar a estudar amanhã. Se ainda conseguir fazer tudo isto hoje. O pior é que a minha gata acaba de dar uma bufa e isso não ajuda a que a minha casa cheire melhor.


entrega

aceita a prata que a manhã derrama sobre o rio. o voo elíptico das gaivotas à flor das águas. os círculos concêntricos das gotas de chuva nos charcos azuis, expandindo-se como o meu sexo sob o teu corpo.
aceita os meus lábios. e a polpa redonda dos frutos à sombra das folhas. o cristal da neve rangendo sob os teus pés e as núvens aumentando precipícios verdes.
aceita o sol pousando doce no ouro das acácias.
aceita os meus braços sobre os teus ombros.
aceita a música, a magia, uma súbita flor numa fresta do muro.
é tua a face rosada do céu encostada à noite que chega das montanhas e é tua a lua de agosto e as estrelas que chovem, oferecendo todos os desejos.
é tua a minha liberdade, a minha juventude, a escuridão dos meus olhos. dou-te a minha vida a beber das minhas mãos em concha.
sou eu. é pouco. mas é teu. aceita.

Wednesday, February 9, 2011

àquele cibernauta...

... que chegou aqui através da pesquisa "porque acordamos com os olhos remelosos": não sei bem qual a explicação científica, mas creio ter a ver com a produção de lágrimas natural que ocorre enquanto dormimos, sendo que elas secam nos cantos dos olhos, formando sedimentos, que são as remelas. Da mesma forma, quem dorme com a boca aberta, acorda com sedimentos de baba secos no canto da boca. Se, por acaso, acordou com os olhos colados por ter muita remela nas pestanas, provavelmente tem uma conjuntivite. Lave os olhos com água morna e dirija-se ao seu centro de saúde.

brilhante

Tuesday, February 8, 2011

Padaria Pastelaria "A Caderneta"

O café da minha rua podia perfeitamente chamar-se assim, tal é a quantidade, diversidade e qualidade de cromos que por lá param.
Há o bêbedo sempre a cravar moedinhas para mais um copito de branco ou de bagaço, ou o que houver. Que não é ecologista, diz ele, mas acha mal que se matem as árvores e as oliveiras para fazer notas, quando as moedas chegam muito bem.
Há um rapaz muito novo e já sem dentes, de tanto dar nas drogas, que chega, pede, come, e no fim declara com a maior lata deste mundo que não tem dinheiro para pagar. Ao responso do empregado, encolhe os ombros e diz com voz de Eduardo Sá: pensava que já tínhamos ultrapassado essa fase.
Na mesa do canto, as três marias, pão nosso de cada dia, chova ou faça sol, sempre depois do almoço. Cada uma com seu talento: uma faz conjuntos completos de crochet rosa choc ou azul turquesa, outra tem a capacidade extraordiária de parecer uma tartaruga, com o seu pescocito enrugado, esticando a cara em direcção ao sol, e a terceira, toda vestida de preto, é bem capaz de concentrar em si todo o azedume do mundo contra o bicho homem e o homem bicha.
Um dia, escreverei mais detalhadamente sobre cada um. Quando tiver tempo de me deixar ficar a ouvir atentamente as conversas das mesas do lado.

pronto. já está.

Admitida a exame. Não percebo bem como: por esta altura, alguém na OA já devia ter percebido que me falta, no mínimo, idoneidade mental. E já deviam ter agido em conformidade. Agora só me resta passar no exame. Vou entrar em modo estudo. Amanhã ou assim...

Monday, February 7, 2011

Direito ao Sexo

Esta notícia (http://aeiou.visao.pt/tribunal-impede-homem-com-qi-muito-baixo-de-fazer-sexo=f589013) relembrou-me uma questão que coloquei num debate sobre os direitos dos cidadãos com deficiência, numa excelente conferência da Faculdade de Direito de Coimbra: toda a gente fala dos direitos à habitação, ao trabalho, à mobilidade, à não discriminação. Mas e os direitos de auto-determinação sexual das pessoas com deficiência? Na altura defendi mesmo o acesso dos deficientes aos serviços de profissionais do sexo, como forma de evitar frustrações e abusos sexuais no âmbito, por exemplo, de instituições de acolhimento. É muito fácil dizer que os deficientes têm, como todos nós, direito à sua auto-determinação sexual num sentido negativo, ou seja, o de não ser sujeito a práticas sexuais contra a sua vontade. Mas quando se fala num direito sexual positivo, já há silêncios embaraçados e ombros em acento circunflexo. A pulsão sexual dos cidadãos com deficiência, seja esta motora ou mental, continua a ser ignorada e escondida por todos nós. E esta decisão de um tribunal britânico vem demonstrar o quão longe estamos, na "evoluída" Europa, de garantir que os cidadãos com deficiência tenham a efectiva oportunidade de desenvolver todas as dimensões da sua personalidade. Nem sequer vou discutir aqui se é legítimo determinar quantitativamente a capacidade intelectual humana, ou se essa determinação nos pode garantir a consciência dos próprios actos, ou mesmo se a questão aqui foi a de o sujeito manter uma relação homossexual.
O que acho é que está mais que na hora de a sociedade pensar este tema a sério, sem falsos moralismos e paternalismos estúpidos, em vez de gastar horas a discutir futilidades.

Tuesday, February 1, 2011

para nós, que falamos demais

" [...]

o que verdadeiramente me dói são os silêncios
que nunca habitamos do mesmo lado
porque o silêncio só pode ser partilhado
com aqueles que amamos até à loucura
só ele é a dádiva perfeita que não pede mais nada
a não ser um mesmo lugar para deitar a cabeça
e esperar que a madrugada lentamente desfaça
todos os segredos e nada mais seja preciso
para voltarmos a ter vinte anos mesmo que
os vinte anos tenham morrido para sempre
na cidade em chamas

[...]"

Alice Vieira, Cinco breves momentos de Maio

Como aquelas andorinhas de barro que se penduram nos alpendres


Hoje acordei triste por não ser mais morena, por não ter o cabelo bonito e a pele perfeita, por ter um olho ligeiramente mais pequeno que o outro, por ter mãos demasiado grandes e mamas demasiado pequenas. Por não gostar de usar pulseiras, e adorar colares fininhos com a palavra LOVE em letras douradas. Por não saber andar de saltos altos e encolher os ombros quando me falam em estilo. Por preferir ficar no sofá a jogar Trivial a uma sexta à noite em vez de saír até de manhã. Por ler o que mais ninguém gosta, por chorar no cinema e só gostar de filmes que são murros no estômago, por passar tanto tempo sozinha e aborrecer-me quando estou acompanhada. Depois sentei-me numa mesa de café e imaginei-me outra. E se eu fosse uma estranha para mim, eu iria certamente achar-me, no mínimo, curiosa. Para além de que as coisas (e pessoas) feias têm uma beleza muito especial. O Vergílio Ferreira sabia isto muito bem e disse-o em "Na tua face". Há algo de subterraneamente belo em tudo o que é feio. E o Vergílio era belíssimo.