Bien sûr, nous eûmes des orages Vingt ans d'amour, c'est l'amour fol Mille fois tu pris ton bagage Mille fois je pris mon envol Et chaque meuble se souvient Dans cette chambre sans berceau Des éclats des vieilles tempêtes Plus rien ne ressemblait à rien Tu avais perdu le goût de l'eau Et moi celui de la conquête
Mais mon amour Mon doux, mon tendre, mon merveilleux amour De l'aube claire jusqu'à la fin du jour Je t'aime encore, tu sais, je t'aime
Moi, je sais tous tes sortilèges Tu sais tous mes envoûtements Tu m'as gardé de pièges en pièges Je t'ai perdue de temps en temps Bien sûr tu pris quelques amants Il fallait bien passer le temps Il faut bien que le corps exulte Finalement, finalement Il nous fallut bien du talent Pour être vieux sans être adultes
Oh, mon amour Mon doux, mon tendre, mon merveilleux amour De l'aube claire jusqu'à la fin du jour Je t'aime encore, tu sais, je t'aime
Et plus le temps nous fait cortège Et plus le temps nous fait tourment Mais n'est-ce pas le pire piège Que vivre en paix pour des amants Bien sûr tu pleures un peu moins tôt Je me déchire un peu plus tard Nous protégeons moins nos mystères On laisse moins faire le hasard On se méfie du fil de l'eau Mais c'est toujours la tendre guerre
Oh, mon amour... Mon doux, mon tendre, mon merveilleux amour De l'aube claire jusqu'à la fin du jour Je t'aime encore, tu sais, je t'aime.
perguntam vocês, gatos-pingados leitores. Pois, digo eu. Estou a atravessar uma fase francesa. Já passei por tantas: a do grunge, a do jazz, a da intervenção, a do fado de Coimbra, a da Winehouse. Umas testemunharam-nas, outras não. Agora estou na fase francesa, embora ainda não a fundo: ouço Piaff e Brel, mas apenas porque fico extasiada com a intensidade dela e com a poesia dele. Continuo sem saber falar francês, por exemplo, agora gostaria de dizer que a minha gata está a disputar o meu colo com o portátil e não me deixa escrever em sossego, em francês, mas sai-me algo como: ma chatte est en conflit avec mon ordinateur et ne me laisse pas ecrire en paix, o que, de certeza, não está correcto.
(Pelo menos já não estou naquela fase que durou cerca de 10m da noite de 25 de Dezembro que consistiu em traduzir as palavras dos outros para inglês macarrónico. "tem dois furões", dizia a Gina, "two furonssss...*hic*" dizia eu. "Marta, para com isso", dizia o Zé, "Marta, stop det!*hic*".)
E uma vez que estou a entrar na fase francesa, as minhas résolutions pour la nouvelle année sont:
1. suivre un cours en français;
2.voir les films français suivants:
2.1. Les petits mouchoirs;
2.2. L'homme qui voulait vivre sa vie;
3. aller à Paris avec Joseph et Christine;
4.cesser d'utiliser le traducteur de Google.
PS: Pena que ninguém possa ouvir como fico sexy a tentar pronunciar isto...
celebro o nascimento de todos os meninos divinos feitos Homem: esse que nasceu há 2010 anos, ou há 26 anos, e 30 e 49 e 75. celebro os deuses que tenho na minha vida, recordo os que já tive e que vivem agora na minha memória, deixaram uma ausência cheia de recordações maravilhosas: os olhos azuis quase cegos da minha avó, as mãos genesíacas do meu avô, a minha bisavó a recitar a "Nau Catrineta", havia mais de ano e dia que andavam na volta do mar, e os olhos dela um brilho, não sei se com pena dos marujos, forçados a comer sola, se ela própria com fome de outro público que não uma bisneta_"outra vez!"_ em vez de palmas, a brincar com uma nau catrineta feita de fósforos e velas de papel.
desembrulho pequenos momentos como presentes, a minha avó na cozinha, ao cimo das escadas, o cabelo ainda louro nas pontas, branco nas raízes, o meu nome tão bonito no canto da voz dela. Não os perdi não os perdi não os perdi.
E hoje outras vozes, outros olhos, o meu nome tão bonito no canto da tua voz, se estivesses na cozinha ao cimo das escadas abraçava-te, se existisse Deus ajoelhava-me, juntava as mãos, fechava os olhos e agradecia...
Ne me quitte pas, il faut oublier Tout peut s’oublier qui s’enfuit déjà Oublier le temps des malentendus Et le temps perdu à savoir comment Oublier ces heures qui tuaient parfois A coups de pourquoi le coeur du bonheur Ne me quitte pas, ne me quitte pas, ne me quitte pas
Moi, je t’offrirai des perles de pluie Venues de pays où il ne pleut pas Je creuserai la terre, jusqu’ après ma mort Pour couvrir ton corps d’or et de lumière Je ferai un domaine où l’amour sera roi Où l’amour sera loi, où tu seras reine Ne me quitte pas, ne me quitte pas, ne me quitte pas
Ne me quitte pas, je t’inventerai Des mots insensés que tu comprendras Je te parlerai de ces amants là Qui ont vu deux fois leurs coeurs s’embraser Je te raconterai l’histoire de ce roi Mort de n’avoir pas pu te rencontrer Ne me quitte pas, ne me quitte pas, ne me quitte pas
On a vu souvent rejaillir le feuDe l’ancien volcan qu’on croyait trop vieux Il est parait-il des terres brûlées Donnant plus de blé qu’un meilleur avril Et quand vient le soir pour qu’un ciel flamboie Le rouge et le noir ne s’épousent-ils pas? Ne me quitte pas, ne me quitte pas, ne me quitte pas
Ne me quitte pas je ne vais plus pleurer Je ne vais plus parler, je me cacherai là A te regarder danser et sourire Et à t’écouter chanter et puis rire Laisse-moi devenir l’ombre de ton ombre L’ombre de ta main, l’ombre de ton chien Ne me quitte pas, ne me quitte pas, ne me quitte pas
Sou uma rua com chuva por dentro. Fria e cinzenta, de janelas fechadas e braços abertos a quem não vem. Amontoei pelas bermas folhas vermelhas de verões à sombra gentil de mãos dadas como ramos, varridas agora por um vento gelado que fechou as janelas e chamou a noite e impede a chuva de sair de mim. Não há flores nos vasos das janelas fechadas, olhos trémulos a escorrer olheiras. Um golpe de sol e talvez a gota rubra de uma sardinheira a aparecer junto a uma porta. Mas a primavera não chega nunca, por mais que a deseje e reze por ela prostrada abaixo do chão, e doem-me os passos de quem me atravessa a correr para chegar ao calor da casa. Que eu não fui feita para ser atravessada em pressas distraídas. Houvesse quem quisesse deter os passos em mim, bater às portas, abrir as janelas, encher-me de um sorriso, descobrir que o amanhecer me deixa púrpura, plantar flores nos vasos esventrando a terra húmida com as mãos. Descobriria talvez que fui feita para se viver dentro.
Deixei de acreditar num Deus e às vezes dói tanto essa falta de fé... Porque admitir a inexistência de Deus é admitir que estamos sozinhos e, se estamos sozinhos, somos tão livres quanto responsáveis e tão nós-mesmos quanto desamparados. E hoje senti-me desamparada e sozinha, sem ninguém a quem pedir só um bocadinho de força para enfrentar o medo terrível de uma perda irremediável.