Thursday, July 30, 2009

Wednesday, July 29, 2009

Women in art



Numa palavra: uau!

Saturday, July 25, 2009

Back to terrinha...

Depois de um merecido (mas muito curto) descanso com praia, sol e marisco, regresso à terrinha. E para quê? Para, pela módica quantia de 2€, assistir a um concerto de Carlos do Carmo, num monumental anfiteatro com bancadas de cimento, sob as estrelas de um céu de Verão e a frescura da brisa da noite. Motivo de espanto inicial: o homem que enche o Coliseu tinha à sua espera metade do anfiteatro (que já não é assim tão grande). Arrisco ainda dizer que cerca de um quarto dos presentes não sabia ao que ía. O povo, agindo como se Carlos do Carmo fosse o vocalista de um conjunto em cima de um palanque, continuou a entrar e a saír do recinto em grande arraial, a conversar alegremente em voz alta e a falar ao telemóvel. O artista, com razão, reclamou. Interrompeu o concerto para deixar que um senhor na primeira fila atendesse uma chamada à vontade, e que, mesmo sob as luzes da ribalta, continuou a falar, como se nada se passasse, enquanto o fadista esperava, de microfone na mão. "Esteja à vontade, amigo, temos tempo."
Senti-me envergonhada e recordei esse concerto de António Pinho Vargas, no cine-teatro, em que dezenas de moços imberbes se levantaram e saíram da sala, obrigando o músico, indignado, a acabar com o espetáculo. É o que resulta da entrada livre, ou quase. Quem realmente quer assistir mistura-se com quem vai porque não tem mais que fazer.
E eu, que tenho sempre o azar de, nestas coisas, ficar sentada ao lado de gentes parvinhas, tive que ouvir os comentários imbecilóides de três puros burgessos serranos que passaram o tempo a comparar a potência dos respectivos telemóveis e suas câmaras (miserável prolongamento peniano) e a perguntar uns aos outros, perante uma introdução a um fado de Alfredo Marceneiro para um poema de Bocage, quem é esse tal de Bocage Marceneiro.
Hoje volto para Coimbra.

Friday, July 17, 2009

Desculpem lá, mas...

... cá vai mais um post indignado. Todos os que estão fartos de me ouvir reclamar podem parar de ler por aqui e ir ver vídeos no redtube.
Estava eu feliz da vida, cozinhando uma apetitosa carne para o almoço, quando arrebito a orelha para ouvir o que dizia o sr. jornalista sobre um país qualquer onde era proibido aos homossexuais dar sangue. Sem olhar para a TV, abanei a cabeça e pensei: mais uma ideia absurda de um desses países de terceiro mundo, lá para o médio oriente. Qual não é o meu espanto quando me apercebo que o país onde os homossexuais não podem dar sangue é... Portugal! Incrédula, tentei perceber as razões de tal norma. Parece que, por cá, continua a pensar-se que o facto de ser homossexual implica necessariamente ser-se promíscuo, ter comportamentos de risco e, consequentemente, ter mais probabilidade de contraír doenças perigosas. Mais ainda: isto só vale para os homossexuais masculinos. As lésbicas podem dar sangue à vontade.
Das poucas vezes que dei sangue, nunca ninguém me perguntou qual a minha orientação sexual e, que eu saiba, o inquérito inclui para todos os dadores as mesmas questões acerca de comportamentos de risco. Além disso, o meu sangue (e suspeito que o de todos os outros dadores) é sujeito a uma bateria de análises para despistar doenças graves antes de ser usado em transfusões. Porque é que o sangue de um homossexual não pode seguir o mesmo caminho?Também não me parece que o doente que necessite de uma transfusão se lembre de perguntar se o sangue é de um hetero ou homossexual, a não ser que tenha medo de contrair mariquice por transfusão sanguínea.
Estou tão furiosa que nem sei o que vos diga mais. Olhem, digam vocês o que vos parece...

Wednesday, July 15, 2009

SALDOS - SALES - REBAJAS

Estimado Cliente:
Hoje começa, oficialmente, a época de saldos. As lojas vão estar apinhadas, a roupa vai andar pelo chão, e muitos ficarão felizes por dar 4,99€ por um farrapo que não serve nem para limpar vidros, pelo simples facto de ser tão barato. Por forma a facilitar as vossas compras e o trabalho dos funcionários das zaras, cê-e-ás, agá-émes e afins, agradecemos que cumpram as seguintes regras:
1. O empregado da loja existe, é visível e (pasme-se!) tem sentimentos. Não custa nada dizer-lhe boa tarde ou, simplesmente, olhá-lo com amabilidade, em vez de fingir que ele não está lá.
2. Quando, ao ver peças de roupa, deixar caír alguma delas no chão, não assobie para o tecto, fingindo que não é nada consigo: apanhe-a e coloque-a no móvel mais próximo.
3. Antes da sua odisseia de compras, POR FAVOR coloque desodorizante e lave os pés. Os funcionários não serão tão eficazes se tiverem que controlar os vómitos devido ao cheiro que fica na zona dos provadores.
4. Tenha atenção ao comportamento do seu filho: evite que ele espalhe batatas fritas do happy meal pelo chão, faça chichi num canto da loja ou passeie alegremente com um saco de plástico enfiado na cabeça.
5. Não obrigue um funcionário a ir buscar peças ao armazém simplesmente porque acha que a da loja já foi muito manuseada: você não faz ideia do que se passa nos armazéns...
6. Ao procurar uma peça de roupa específica, tente descrevê-la o melhor possível, para que possamos ajudá-lo. De nada nos serve que nos repita mil vezes que viu na outra zara um casaco cuja principal característica é ser "muito giro".
7. Quando, no meio daqueles montes com milhares de camisolas a 5 euros, encontrar uma de que gosta mas não for o seu tamanho, não adianta vir perguntar se há. Se houver está lá no meio. A ROUPA AINDA NÃO TEM GPS por isso não conseguimos encontrá-la através do computador e, obviamente temos muito mais que fazer do que ajudá-lo a procurar. Poupe-nos o degredo de gritar: Ó freguesa, é escolheriiii!!!!
8. Por muito que lhe pareça estranho, nós, os funcionários, temos HORÁRIO DE TRABALHO. Se a loja fecha às 24h, não é de bom tom entrar com a maior das latas, às 5 para a meia-noite, para desarrumar o que já está dobrado e saír 20m mais tarde, arrulhando que volta no dia seguinte.
9. A função do lojista é ajudá-lo a comprar roupa. Evite pedir-lhe para tomar conta do bebé enquanto vai só ali à secção de homem, ou para chamar a sua filha, que está vestida de roxo e deve estar à sua espera à porta da FNAC.
10. A caixeira não tem culpa que as calças tenham a costura torta, que a camisola tenha o decote de lado e uma manga maior que a outra. Reclame com as crianças indianas que as fabricaram.

Obrigado e boas compras.

Ass: Auto-nomeada porta voz dos funcionários das lojas de roupa.

Insónia

Voltei à música clássica. Mas troquei o piano pelas cordas.

Tuesday, July 14, 2009

Corpo Inteiro

Toulouse-Lautrec

Para mim o

amor

fica-me justo.



Eu só visto

a paixão

de corpo inteiro.



Maria Teresa Horta

Thursday, July 9, 2009

Auto-elogio

sobe a lua como se nascesse de tua casa. branca-redonda como um seio ou um ventre materno. ao meu lado ilumina-se a tua ausência, fazendo-me sentir dolorosamente mulher. Espalhado na almofada, o meu cabelo ondulado tem a cor outonal das castanhas nos seus ouriços. as pestanas longas feitas da seda dos olhos, as pálpebras nacaradas, pétalas trémulas na superfície do rosto. no meu ventre naufragariam quantos nele se atrevessem e entre a brandura tensa das minhas coxas adormeceria o mais inquieto dos homens. a dolorosa consciência de ser mulher inteira.
mas vazia.

Wednesday, July 1, 2009