Monday, June 29, 2009

Wednesday, June 24, 2009

Mundo louco



É agora! Preparai-vos para a chegada dos cavaleiros do apocalípse! Há mais um sinal de que o fim dos tempos está próximo: Já não bastavam as alterações climáticas, a gripe dos porcos, Berlusconi e a Júlia Pinheiro. Aquele actor que não sei como se chama, com ar de quem esteve fechado numa cave sem ver a luz do sol durante 20 anos mas que fez um filmezito ranhoso qualquer recentemente foi eleito o homem mais bonito do mundo, com 51% dos votos dos leitores da Vanity Fair, enquanto Gael Garcia Bernal se ficou com 1% dos votos. Só tenho uma coisa a dizer: ESTÁ TUDO PARVO!

Sunday, June 21, 2009

Os amores impossíveis II ou autopsicanálise

Subitamente, ontem, percebi porque raio é que só me apaixono por impossíveis: é que a possibilidade é simplesmente aterradora.

Friday, June 19, 2009

Os amores impossíveis

"Aquela coisa de que só gostamos de quem não gosta de nós, "João amava Teresa, que amava Raimundo/ que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili/ que não amava ninguém". O Drummond de Andrade sabia tanto destas coisas, sabia que dois amantes são dois inimigos, estão sempre à espreita do ponto fraco por onde possam dominar, ou seja, perder o interesse pela presa, dois amantes têm medo um do outro, são um perigo um para o outro, são tão desconfortáveis que se zangam, esgatanham, provocam, mordem e arranham, para se poderem afastar e rir. Rir é uma maneira de ir embora, e só quando o silêncio vem é que os amantes se amam outra vez..."


"Certos lutos têm a forma de círculos concêntricos. Como os da famosa pedrada no charco. Vem a incredulidade, desaparece, volta a vir no dia seguinte, abranda, a vida é impossível sem ti, no dia seguinte tomamos o pequeno almoço."


Isabel Cristina Pires, O nome do poeta

De pequenino...

Eu sei que sou uma saudosista, que não resisto a falar da minha infância de finais da década de oitenta como se a tivesse passado num paraíso. E qualquer pretexto serve para abordar (outra vez) o tema. Desta vez são as novas regras de segurança dos parques infantis: há que dizer que, actualmente, os parques infantis não têm gracinha nenhuma. Os escorregas são tão pouco inclinados que as crianças têm que se arrastar para chegar ao chão. Os baloiços consistem em bonecos de PVC apoiados em molas gigantes que permitem aos petizes balançarem 3 vertiginosos centímetros para a frente e para trás. E o chão é de um material suave e almofadado. Proibiram os escorregas em chapa metálica. E obrigam à colocação de barreiras físicas junto aos baloiços.
No meu tempo, brincávamos em parques cujo chão era em cimento. Ou gravilha. Os baloiços, quando não rebentavam, atirando-nos ao chão, serviam para tentar chegar o mais alto possível. Não eram necessárias barreiras físicas para evitar que uma criança levasse uma patada na cabeça, a alta velocidade. Todos nós, de uma forma ou de outra, tínhamos aprendido que passar perto de um baloiço, quando alguém o usava, era perigoso.
Havia um equipamento especialmente interessante: o caracol. Era uma coisa com dois ferros paralelos, unidos a espaços por barras trasnversais, concebida para trepar até cerca de 2m de altura. As mãos escorregavam? Sim. Se caíssemos, bateriamos contra os ferros e, finalmente, no chão de cimento? Sim. Por isso é que era fixe.
Os escorregas eram, sem dúvida, a melhor parte. Havia-os de madeira, na maioria bastante altos, velhos e ressequidos do sol. Quem escorregava espetava muitas vezes farpas nas pernas e nas mãos, que depois tirava com uma agulha. Mais tarde, vieram os de chapa de metal. Escorregavam muito bem e eram bastante inclinados. Em dias de calor, queimávamos o rabo. Mas aprendemos que o metal, quando exposto ao sol, aquece. MUITO.
Tinhamos os joelhos esfolados, as mãos cortadas, os narizes pintados de eosina. E éramos putos felizes. E desenrascados. E, já agora, tomem lá:

Thursday, June 18, 2009

Ecce homo

Desbaratamos deuses, procurando
Um que nos satisfaça ou justifique.
Desbaratamos esperança, imaginando
Uma causa maior que nos explique.

Pensando nos secamos e perdemos
Esta força selvagem e secreta,
Esta semente agreste que trazemos
E gera heróis e homens e poetas.

Pois Deuses somos nós. Deuses do fogo
Malhando-nos a carne, até que em brasa
Nossos sexos furiosos se confundam,

Nossos corpos pensantes se entrelacem
E sangue, raiva, desespero ou asa,
Os filhos que tivermos forem nossos.


José Carlos Ary dos Santos

Wednesday, June 17, 2009

Wednesday, June 10, 2009

desejo


Queria-te assim. Inesperado. Um súbito arranque irreflectido. A urgência contida na força das mãos, nos dentes cerrados sobre a pele, as costas contra a parede.

E que te fosses, depois, enquanto ainda houvesse no ar a poeira da explosão. Definitivamente?

Brassai

Monday, June 8, 2009

Wednesday, June 3, 2009

Nome

Onde quer que o encontres
escrito, rasgado ou desenhado:
na areia, no papel, na casca de
uma árvore, na pele de um muro,
no ar que atravessar de repente
a tua voz, na terra apodrecida
sobre o meu corpo – é teu,

para sempre, o meu nome.



Maria do Rosário Pedreira

E o genérico vencedor é...

A Tieta sobre Pedra.