Saturday, August 30, 2008

Wednesday, August 27, 2008

A dolorosa morte das pequenas coisas

Estragou-se o meu telemóvel. A bateria está à beira da explosão. Provavelmente à força das conversas de 5h, com o aparelho ligado à corrente (mais uma consequência negativa por eu falar demais). Não resistiu. Em vão procurei uma bateria nova. Nem nas melhores lojas dos chineses se encontram, quanto mais nas lojas oficiais…

Vou ter que comprar um novo. Eu, que detesto mudanças. Eu, que quando me habituo a uma coisa não quero largá-la, por mais gasta e obsoleta e completamente ultrapassada. Este telemóvel é como aquelas calças que eu amava e que tinha que apertar deitada na cama. E que morreram no dia em que as queimei com o ferro de passar. Chorei. Provavelmente irei chorar quando tiver que me desfazer do meu querido Sharp 770SH. Não tanto pelo telemóvel em si, mas por tudo o que lá está guardado e vou perder. Mensagens com 2 anos que nunca tive coragem de apagar, fotografias, vídeos, contactos. Memórias cristalizadas digitalmente que agora, mesmo não querendo, vão mesmo para o fundo de uma gaveta.

Tuesday, August 26, 2008

Museu Botas



Diz que o sr. Presidente do Conselho vai mesmo ter um museu dedicado à sua memória na sua terra natal. A promessa é do presidente da autarquia de Santa Comba Dão. O futuro "Museu Salazar" contará com a exposição de algumas relíquias, como o estojo de barbear do sotôr, a colecção de crucifixos do sotôr e até (imagine-se!) a mala de viagem nunca utilizada pelo sotôr, que achava que o mundo acabava em Espanha. Eu, pessoalmente, gostaria de ver em exposição a cadeira de lona de onde o sotôr caíu.
Diz também que, além de museu, vai haver uma casa de chá. Provavelmente destinada a tertúlias do PNR com a participação de Mário Machado.
Diz que vai custar 5 milhões de euros. O Sr. Professor deve estar às voltas na tumba, perante semelhante desperdício de dinheiro. Aproveitassem a casa para montar um galinheiro e vender os ovos. Isso sim, era boa ideia, na esteira do que fez o sotôr, em vida.
Por mim, se calhar em caminho, lá passarei um dia, para lhe deixar na campa um belo ramo de cravos vermelhos.

Sunday, August 24, 2008

...

"Toda a liberdade só tem sentido contra uma coisa que se nos opõe. Mas o que nem sempre se pensa é que só tem sentido ser-se contra se o formos em nome de. Ser livre em relação a tudo equivale a sê-lo em relação a nada, porque nada isso pode justificar.Ser livre em relação a tudo é ter uma liberdade inútil, porque inteiramente disponível. Ser livre em relação a tudo é igual a ser determinado, porque num caso e noutro não há escolha nenhuma."

Vergílio Ferreira, Pensar


(Matisse retratado por Henri Cartier-Bresson)

Tema de reflexão semanal

STOP!

Friday, August 22, 2008

Zeitgeist

Se vos apetecer viver 2 horas de lucidez...

http://video.google.com/videoplay?docid=-1437724226641382024

Thursday, August 21, 2008

Coloreria Italiana II

Sim, homens, vocês também podem usar "Coloreria Italiana" na vossa máquina de lavar...


HIHI!!

Wednesday, August 20, 2008

Coloreria Italiana

Era isto!! Era precisamente isto que eu queria!! Hahahaha!!!

Habemus Presidentem


Toda a Igreja Católica Apostólica Romana ergue cânticos de júbilo! O Sr. Presidente da República vetou a pecaminosa nova lei do divórcio, aprovada pela cambada de anti-cristos da nossa AR. Sou sincera: ainda não analisei ao pormenor a nova lei do divórcio. Mas, se a Igreja aplaude o veto, a lei só pode ser boa. Com certeza, ajudará muito boa gente a corrigir um erro do seu passado: casar.

E já agora, um recadinho para o Vaticano: Sr. Papa, seria bom que a Igreja revisse a sua posição quanto ao divórcio. É que, quando os homossexuais do nosso país puderem casar, os fiéis não saberão se são a favor ou contra o divórcio deles... Apesar de o casamento civil ser um assunto em que as religiões não têm nada que vir meter o bedelho.

Recadinho também para a AR: agora que a lei vos foi devolvida, façam o trabalho como deve ser e revejam as questões patrimoniais que se levantam. É capaz de não ser justo que o cônjuge que passou a vida a dar porrada no outro peça o divórcio e saia em vantagem porque era o único que trabalhava... Se calhar não é má ideia ter o regime de separação de bens como supletivo.

Tuesday, August 19, 2008

McLicious


Boa noite, é um Big Black para levar, faxavor!

Thursday, August 14, 2008

Aguarela


"Lisboa é uma cidade submersa, senhor, a água fecha-se sobre as nossas cabeças, as nuvens não passam de bancos de limos que flutuam, os manequins dos alfaiates são sereias sem cabeça, fardadas de terilene ou cheviote e sublinhadas a giz no lugar das entretelas. E acima disto tudo, meu caro, intacta, límpida, pura, a uma distância difícil de conceber e de medir, acima do coral dos telhados, das grutas de caranguejos das ruas e dos paquetes dos mosteiros, do mistério de algas das árvores e da profundidade de congro das caves das viúvas, com a tristeza amortalhada nas flores de cera dos noivados defuntos, acima disto tudo, amigo escritor, (...) serpenteando sem lhes tocar, em redor das antenas de televisão e das chaminés das fábricas, das ruínas do Castelo e dos bairros habitados por canários, contínuos e majores, a Via Láctea que foge de nós para se fundir com a terra para as bandas de Alverca, onde o rio se transforma em labaredas de siderurgia e fábricas de cimento."

António Lobo Antunes, A ordem natural das coisas

Wednesday, August 13, 2008

Aniversário


Nasci há 24 anos. Nesse ano, Carlos Lopes ganhou o ouro nos Olímpicos de Los Angeles, Gomes Canotilho editou "Tópicos de Ciência Política", Foucault morreu, o país alarmava-se com as FP25, nascia o IVA. Ouvia-se o "When doves cry", do Prince e "Against all odds" do Phill Collins. Desde essa segunda-feira passaram exactamente 8766 dias; 1252 semanas; 288 meses. É impressionante como isto não significa rigorosamente nada.

Tuesday, August 12, 2008



On bended knee is no way to be free
lifting up an empty cup I ask silently
that all my destinations will accept the one that's me
so I can breath

Circles they grow and they swallow people whole
half their lives they say goodnight to wive's they'll never know
got a mind full of questions and a teacher in my soul
so it goes...

Don't come closer or I'll have to go
Holding me like gravity are places that pull
If ever there was someone to keep me at home
It would be you...

Everyone I come across in cages they bought
they think of me and my wandering
but I'm never what they thought
got my indignation but I'm pure in all my thoughts
I'm alive...

Wind in my hair, I feel part of everywhere
underneath my being is a road that disappeared
late at night I hear the trees
they're singing with the dead
overhead...

Leave it to me as I find a way to be
consider me a satelite for ever orbiting
I knew all the rules but the rules did not know me
guaranteed...
(Antigos trabalhadores da Fábrica do Mindelo recebem, no Tribunal do Comércio de Gaia, parte da indemnização que lhes era devida)



Uma foto que me fez recordar aquela famosa cena de "Philadelphia", em que "Miller" pergunta a "Andrew":

"_What do you love about the law, Andrew?"

E ele responde:

"_It's that every now and again - not often, but occasionally - you get to be a part of justice being done. That really is quite a thrill when that happens."

Monday, August 11, 2008

Querido mês de Agosto

Vício

"O povo diz "o comer e o ralhar vai do começar". Mas tudo vai do começar. O amor, o ódio, o choro, a ternura, o medo. E quando caímos nisso, o que nos sustenta não é o objecto do sentimento, mas o próprio sentimento. Porque o objecto é um pretexto, e o sentimento é o prazer de nós próprios, que não somos pretextos _ será assim?"

Vergílio Ferreira, Alegria Breve

Sunday, August 10, 2008

Palhaços sem fronteiras


Um membro da ONG "Clowns without borders" com crianças de Port-au-Prince, Haiti. (Foto de Eduardo Munoz)

Thursday, August 7, 2008

Grandes razões para ver os Olímpicos

Injustiças

Ouvi dizer que o nosso prezado governo deseja aumentar as portagens para quem viaje sozinho. Ou seja, para além do horror que é conduzir sem ninguém no banco do lado a quem dar a mão por cima da alavanca das mudanças, ou com quem conversar, ou que cante connosco ao som do auto-rádio, os solitários ainda serão obrigados a pagar mais. Os solitários já pagam mais aos carochos que os "ajudam" a arrumar o carro em troca da moedinha-para-comer-qualquer-coisinha-chefe! porque não têm ninguém que simpaticamente saque dos trocos por ter vindo à boleia. Não havia necessidade de lhes aumentar as portagens só porque ninguém quer entrar num carro com eles porque são perigos a conduzir/ são chatos/ cantam mal durante toda a viagem/ rezam o terço em voz alta (refª minha avó).
É triste. E revoltante. Solitários deste país, uni-vos! Se possível, dentro do mesmo automóvel...


Nota: This is the only picture of Paris Hilton you will ever see in this blog, and that's because she is crying hard. Thanks for understanding.

Tuesday, August 5, 2008

Trouble



Às vezes fico com saudades de músicas assim.

Sunday, August 3, 2008

Cartas a uma ditadura


A RTP2 decidiu presentear-nos e celebrar o aniversário da queda do Sr Presidente do Conselho com a exibição do documentário "Cartas a uma ditadura", de Inês de Medeiros. A realizadora conversa com mulheres que, em 1958, responderam a uma circular tendente a criar um movimento feminino de apoio à Pátria e ao Regime. Todas manifestavam, à época, a gratidão e admiração pelo ditador. Hoje, confrontadas com os fantasmas do passado e com o que escreveram, algumas dizem apenas que "não se lembram". Ou que não querem lembrar. Ou que não tinham consciência do que escreviam, porque não sabiam nada de política.
As excelentíssimas senhoras, actualmente acomodando as rugas nas poltronas das casas que herdaram do pai, na linha de Sintra, com as "mulheres a dias" a atravessar silenciosamente os espelhos, dão um testemunho do que era a vida das privilegiadas da época: eram mulheres ideais. Esposas, mães, mulheres de caridade e boas cristãs. Podiam ficar em casa e não trabalhavam: o dinheiro que o chefe de família ganhava num bom lugar de um qualquer ministério ou a explorar uma fábrica cheia "desses que se revoltavam" chegava bem para as madames poderem, nos intervalos do governo do lar e da educação do filhos, tantas vezes entregues às criadas, dedicar-se ao serviço do país: uma vez por mês vestiam-se de forma simples e desciam à Curraleira, levar aos pobrezinhos o pão da caridade, com a mensagem cristã e salazarista dentro. De vez em quando, um extra: metiam-se no seu carro com chauffer para irem a uma aldeia escondida, convencer a mulher que fugira à violência de um marido alcoólico, a ser uma esposa como deve ser e voltar para casa. E, antes da teatrada das eleições presidenciais, as dignas senhoras serviam-se dos seus conhecimentos para recensear apenas votantes "de confiança" e cortar das listas as ameaças à sua estabilidade e das suas famílias.
Algumas admitem-no, outras não. E tudo isto por sobre as imagens das verdadeiras mulheres portuguesas: as camponesas, as operárias, as criadas de servir, que trabalhavam dia e noite para alimentar os filhos. Essas sim podem dizer sem mentir: eu não sabia o que era a política. Eu não me lembro de escrever essa carta (como poderia, se nunca entrei numa escola?). Eu não tinha outra preocupação que não fosse a de pôr pão na boca dos meus filhos. Tudo o que queria era que não viessem a ter uma vida miserável como a minha.
As mães precocemente envelhecidas pelo sol das searas e das vinhas e das noites sem sono, a pensar nos filhos, tão longe, no "ultramar", a defender o que nunca seria deles. Desses rostos não chegaremos nunca a ouvir nada, senão as lágrimas engolidas a preto e branco.

Que cartas escreveriam elas, se soubessem?

A queda


"Salazar caiu há 40 anos

Nenhuma outra queda de um governante teve tanta importância na História de Portugal quanto a de Oliveira Salazar: o então presidente do Conselho caiu quando se sentava numa cadeira de lona – faz hoje, dia 3 de Agosto, 40 anos – num terraço do forte de Santo António. Salazar bate com a cabeça no chão de laje. Teima em não consultar de imediato o médico pessoal, Eduardo Coelho, que só é chamado um mês depois. O chefe do Governo arrasta a perna esquerda e queixa-se de falta de memória. Aceita submeter-se a exames, à noite, em segredo, no Hospital dos Capuchos. Os médicos descobrem um hematoma intracraniano. É internado no quarto 68 do Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, e operado a 7 de Setembro pelos neurocirurgiões Álvaro de Athayde e Vasconcelos Marques.

Nove dias depois sofre uma trombose – que o deixa incapacitado. É demitido e substituído por Marcelo Caetano. Morre a 27 de Julho de 1970, convencido de que ainda estava à frente do Governo."

in Correio da Manhã online

Ora, quem manda o senhor professor ser unhas de fome e ter no terraço uma cadeirita de lona comprada na loja dos chineses, em vez de uma daquelas espreguiçadeiras jeitosas, em madeira, e com almofada às riscas azuis e verdes?
É no que dá a mania da poupança...


Viagem


Mudei. É nisso que penso, nesta viagem de regresso de um lugar onde já fui tão feliz e que é uma memória de riso ternura família amizade aconchego amor. Um cesto cheio de recordações redondas e brilhantes como maçãs. E no meio o sabor acre e a mancha bolorenta de um fruto vermelho, a contaminar todas as outras, no silêncio, como uma ferida aberta.
O mar de Espinho e as suas ruas tiradas a esquadro, vão ficando para trás, batidas de vento. Não quero lembrar nada. O passado é uma figura rupestre feita com os dedos e o sangue e que representa uma felicidade extinta. Vou sentada no comboio, avanço de costas, sempre a olhar para trás: as árvores, as casas, os campos, as fábricas a fugirem para longe. Não chega a hora de viajar no sentido correcto, com a vida a entrar-me pelos olhos adentro...

Friday, August 1, 2008

Para quem ainda tinha dúvidas...




Have a nice weekend. I will.