Monday, June 9, 2008

Guilty pleasures (cont.)

Ora... onde é que nós íamos? Ah, faltam os piores!!

6. COBIÇA

6.1 Pressuponho que cobiça queira dizer inveja. Quando invejo alguém, tendo a discursar longamente sobre os defeitos dessa pessoa. Creio que é um mal nacional perigosamente contagioso.

6.2 A Bíblia manda-nos não cobiçar a mulher do próximo. Eu cumpro. Porque só cobiço aquilo que a mulher do próximo tem... Seja o cabelo perfeito (louro...), as mamas perfeitas, o nariz perfeito, as roupas perfeitas (e tudo lhes fica tão bem...) e o namorado mais-que-perfeito. Obviamente, todas elas são ocas/burras/desinteressantes/pindéricas/estúpidas/p****

7. IRA

Em mim, ira rima com TPM. Quem me apanha nesses dias já sabe que leva com tudo o que me faz infeliz. E se se queixar, leva com 2 horas de choro, por tudo e por nada. E se me gozar, leva com qualquer coisa que possa servir de arma de arremesso.

3 comments:

José said...

Cara Marta
Apesar do meu tempo ser escasso e preenchido de ânsias espasmódicas, não resisto ao desafio até porque não tenho a mais pequena dificuldade em elencar quais me dão prazer e os que me oferecem posteriormente aquele pesar na alma. Farei uma abordagem breve da temática considerando os meus predilectos pecados capitais como pontos de orientação.
Gula
Sempre. O desejo permanente de ter e querer mais um pouco do mais que vai haver é um êxtase para os meus sentidos! Quero exponencialmente mais um pouco de tudo, com as racionais excepções. Mas, o essencial a frisar é que apenas há culpa na gula quando se sente no lombo a posterior tragédia do pecado, o que até dá para graduar. Exemplificando:
Culpa all over it;
‘-Mais um shot Ivo!’ – desorientação gástrica e intestinal, perda da noção de espaço e tempo, desidratação orgânica, rezas e promessas de que, passando o mau estar, nunca mais se pede mais.
No Culpa;
‘-Mais um orgasmo?’ – inexiste o sentimento de culpa. A haver, situar-se-á na vertente oposta à pergunta . Rezas e promessas para existir mais.
Luxúria
Aos quilos. Suponho que dentro do conceito se enquadre também o espectro geral da ‘gula’, já analisada. Creio, alias, que gula e luxúria convivem como duas companheiras lésbicas e solteiras na mesma casa. Porém, é com dificuldade que se encontra algum tipo de sentimento de culpa na luxúria… Sendo um desejo sexual desordenado e incontrolável a culpa provavelmente residirá no teste de HIV positivo, na gonorreia crónica, num pedaço de sífilis menos bonito e também numa comichosa pedículose aguda.
Preguiça
. "De todas as paixões a que nos é mais incógnita é a preguiça. É a mais ardente e a mais maligna de todas, ainda que a sua violência seja imperceptível e que os seus danos se escondam. Se observarmos com atenção o seu poder, notaremos que ela se torna sempre mestra dos nossos sentimentos, dos nossos interesses e dos nossos desejos. Ela é a demora que tem a força para fazer parar os maiores navios, é uma calmaria mais perigosa para as grandes empresas do eu do que os bancos de areia e do que as maiores tempestades. O repouso dado pela preguiça é uma sedução secreta da alma, que pára de repente as lutas mais inflamadas e as resoluções mais obstinadas. Enfim, para se dar uma verdadeira ideia desta paixão, é preciso dizer que a preguiça é como que um estado de beatitude da alma, consolando-a das suas perdas e ocupando o lugar de todos os bens."
François La Rochefoucauld
Aqui, nesta em especial, há culpa suficiente para compensar a falta de culpa que não sinto nas outras. Ter e ser preguiçoso é dos sentimentos mais culpabilizantes e moedores que existe. Porque é que dormi até tão tarde?, Porque é que fiquei horas a ver séries dos anos 80 das quais já sei as piadas?, Porque é que demorei tanto arrastado tempo na net a ver pedaços de esterco?
Mas atendendo à ligação típica da preguiça ao tempo, e sabendo que o tempo é por natureza uma força que foge ao controlo humano, podemos todos deixar de a sentir tão intimamente se começarmos a equacionar a hipótese dessa relação ser tão forte que nem uma nem consecutivamente a outra, fazem parte da nossa vontade e são-nos alheias. Acho que a preguiça só é mesmo contornável se existirem luxúrias ou gulas que nos impliquem movimento o que a torna, por si só, num pecado que a desistir, se consubstancia em dois.

marta said...

Caro José! Apreciei imenso a sua resposta.Nunca pensei que na sua pessoa houvesse lugar a qualquer sentimento de culpa. Estou surpreendida! Concordo que é difícil encontrar sentimentos de culpa na luxúria... a existir, dirá provavelmente respeito à perda da dignidade pessoal ou à sempre presente (embora sobejamente recalcada) herança sócio-cultural judaico-cristã. No entanto, as referências a tradições judaico-cristãs em momentos libidinosos possam ser um pouco kinky... :P (ex: "Temos padre...")
Também acho que a melhor forma de contrariar a preguiça será por via de outros pecados que impliquem actividade, mormente a luxúria, mas também deslocações a templos dedicados aos louvores a Baco.
Tenciono testar pragmaticamente esta excelente teoria durante as minhas férias na terrinha. Refiro-me à gula e a Baco, claro!! ;)

M said...

Faltam 3 Marta! :p
Enfim, acho que qualquer mulher que se preze partilha de todos os teus guilty pleasures: vamos todas parar ao inferno, para mal dos meus pecados que são muitos e eu que me esforço tanto para ser uma BOA menina! lol
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