Saturday, April 2, 2011

serpente

O meu corpo não precisa de música para esta dança tribal que vem de dentro da pele, dos músculos, dos nervos: tem o ritmo do teu sangue pulsando na polpa sensível dos meus dedos, a tua respiração no meu pescoço, qualquer coisa que ouço nos teus olhos e que a tua boca não ousa cantar.

Dança, meu corpo, que ninguém te vê, oculto nas sombras do quarto, e ninguém ouve o segredo musical estoirando por dentro de ti.

Dispo-me, novamente Eva antes do pecado, ornamento-me de penas de fantasia no cabelo, novamente animal antes de Eva, bicho da terra, rastejante, sibilino, sou eu a própria serpente dançando ésses em dunas que mudam de lugar (os tambores do teu sangue tão retumbantes nos meus tímpanos), não obedeço a ninguém, vim do deserto, de uma árvore, da corrente turva de um rio verde e sou a verdade da carne da terra da seiva da morte. profundamente viva.

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