Saturday, July 25, 2009

Back to terrinha...

Depois de um merecido (mas muito curto) descanso com praia, sol e marisco, regresso à terrinha. E para quê? Para, pela módica quantia de 2€, assistir a um concerto de Carlos do Carmo, num monumental anfiteatro com bancadas de cimento, sob as estrelas de um céu de Verão e a frescura da brisa da noite. Motivo de espanto inicial: o homem que enche o Coliseu tinha à sua espera metade do anfiteatro (que já não é assim tão grande). Arrisco ainda dizer que cerca de um quarto dos presentes não sabia ao que ía. O povo, agindo como se Carlos do Carmo fosse o vocalista de um conjunto em cima de um palanque, continuou a entrar e a saír do recinto em grande arraial, a conversar alegremente em voz alta e a falar ao telemóvel. O artista, com razão, reclamou. Interrompeu o concerto para deixar que um senhor na primeira fila atendesse uma chamada à vontade, e que, mesmo sob as luzes da ribalta, continuou a falar, como se nada se passasse, enquanto o fadista esperava, de microfone na mão. "Esteja à vontade, amigo, temos tempo."
Senti-me envergonhada e recordei esse concerto de António Pinho Vargas, no cine-teatro, em que dezenas de moços imberbes se levantaram e saíram da sala, obrigando o músico, indignado, a acabar com o espetáculo. É o que resulta da entrada livre, ou quase. Quem realmente quer assistir mistura-se com quem vai porque não tem mais que fazer.
E eu, que tenho sempre o azar de, nestas coisas, ficar sentada ao lado de gentes parvinhas, tive que ouvir os comentários imbecilóides de três puros burgessos serranos que passaram o tempo a comparar a potência dos respectivos telemóveis e suas câmaras (miserável prolongamento peniano) e a perguntar uns aos outros, perante uma introdução a um fado de Alfredo Marceneiro para um poema de Bocage, quem é esse tal de Bocage Marceneiro.
Hoje volto para Coimbra.