Thursday, July 9, 2009

Auto-elogio

sobe a lua como se nascesse de tua casa. branca-redonda como um seio ou um ventre materno. ao meu lado ilumina-se a tua ausência, fazendo-me sentir dolorosamente mulher. Espalhado na almofada, o meu cabelo ondulado tem a cor outonal das castanhas nos seus ouriços. as pestanas longas feitas da seda dos olhos, as pálpebras nacaradas, pétalas trémulas na superfície do rosto. no meu ventre naufragariam quantos nele se atrevessem e entre a brandura tensa das minhas coxas adormeceria o mais inquieto dos homens. a dolorosa consciência de ser mulher inteira.
mas vazia.

2 comments:

Barroso said...

Gosto tanto. Partilha mais, não o escondas. Está tão bom.

marta said...

obrigada :)