Friday, November 13, 2009

Graciosa

Entrou na timidez de quem se habituou ao pé-ante-pé do medo de longos corredores. Trazia as pálpebras pintadas de azul, as unhas rosa e manchas negras nos braços. Que fez ao baton, dona Graciosa? Deixou-o talvez esborratado na chávena do café.
Sacode os cabelos, de vez em quando, imaginando caracóis ruivos de salão de cabeleireiro, os gestos de primeira bailarina no palco do consultório, e conta...
Apetece-me dar-lhe alguma coisa, dona Graciosa: um anel de brilhantes, uma coroa de rainha, um sonho qualquer. Dar-lhe talvez as minhas mãos. Tome, fique com elas, guarde-as no áspero aconchego das suas. E não seremos sozinhas.

2 comments:

Barroso said...

Compraria um livro teu.

marta said...

Obrigada, Barroso! És a primeira pessoa a dizer-me isso... vou começar a escrevê-lo. :)

*****