Thursday, March 19, 2009

Tenho a comunicar que estou um bocado chateada

Acho que já tinha dito aqui que sou contra o acordo ortográfico, basicamente porque os brasileiros não mudam quase nada e nós mudamos muita coisa. E eu não acho bem. Já me tentaram convencer de que o acordo não vai piorar em nada as nossas vidas quotidianas e que é resultado da natural evolução da língua, mas também ainda não houve ninguém que me explicasse por a+b que vantagens é que o acordo tem.
Mas, concordando ou não, as alterações vêm aí. E se eu acho que todos os que não concordam com o casamento homossexual têm que se calar e habituar-se à ideia, porque ele vai acontecer, devo ser minimamente coerente e obrigar-me a mim mesma a lidar com o acordo ortográfico, mesmo não concordando. Vai daí, fui ver como tenho que começar a escrever e descobri mais mudanças do que estava à espera. Se há algumas que não passam de uma ervilha debaixo de sete colchões (como escrever as estações do ano com letra minúscula), há outras que me deslocam o pâncreas (e estou a ser eufemística):

- O desaparecimento das consoantes mudas. Elas até podem ser mudas e eu sou uma leiga nestas coisas, mas quando a palavra afectivo passar a escrever-se afetivo eu NÃO PRONUNCIO O "E" DA MESMA MANEIRA!!! Na primeira pronuncio aberto e na segunda fechado. O mesmo acontece com factura, que passa a ser fatura. E que dizer do tecto? Passará a ser teto. Assim: "têto". Parece-me que isto pode ter implicações engraçadas... não sei.

- A supressão dos assentos em palavras paroxítonas ou graves com o ditongo "oi": a palavra bóia, passa a boia. Para mim, a boia é a mulher do boi. Ou será do bói? Da mesma forma, asteroide, heroico e joia. Tudo "jôia"!

- Atente-se na queda dos acentos das seguintes palavras:

dêem .... deem
lêem ..... leem
pára ..... para
pêlo ...... pelo
pêra ..... pera
pólo ...... polo

Sou só eu que sou estúpida, ou as da direita não se lêem da mesma forma que as da esquerda?

Alguém se importa de me esclarecer? Vá lá... ensinar os ignorantes é uma obra de caridade. E a mim têm tanto a ensinar-me que rapidamente ganharão o céu.



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