Wednesday, December 19, 2007

Natal, e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
Numa gruta, no bojo de um navio,
Num presépio, num prédio, num presídio,
No prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
Porque esta noite chama-se Dezembro,
Porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
Duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
A cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
Talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira

2 comments:

M said...

Poema lindíssimo, ainda não o conhecia!
Obrigado! :)
***

marta said...

Olá medusasss!Sim, este poema é muito bonito, principalmete porque fala desse Natal que, por vezes, parece que esquecemos na azáfama da festa e dos presentes... Mesmo para quem não é crente, a essência da mensagem que Jesus trouxe é o mais importante a celebrar: um Amor universal.

Beijinhos (já com saudades) **