Friday, June 19, 2009

Os amores impossíveis

"Aquela coisa de que só gostamos de quem não gosta de nós, "João amava Teresa, que amava Raimundo/ que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili/ que não amava ninguém". O Drummond de Andrade sabia tanto destas coisas, sabia que dois amantes são dois inimigos, estão sempre à espreita do ponto fraco por onde possam dominar, ou seja, perder o interesse pela presa, dois amantes têm medo um do outro, são um perigo um para o outro, são tão desconfortáveis que se zangam, esgatanham, provocam, mordem e arranham, para se poderem afastar e rir. Rir é uma maneira de ir embora, e só quando o silêncio vem é que os amantes se amam outra vez..."


"Certos lutos têm a forma de círculos concêntricos. Como os da famosa pedrada no charco. Vem a incredulidade, desaparece, volta a vir no dia seguinte, abranda, a vida é impossível sem ti, no dia seguinte tomamos o pequeno almoço."


Isabel Cristina Pires, O nome do poeta

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