Tuesday, April 14, 2009

(ainda) sem título

Não devia nunca ter-se encontrado com ela nesse dia. Não devia ter-lhe prometido nada. Provavelmente, já deveria ter-lhe dito (não sem certa pena) acabou. Não dá mais. Mudámos, não sinto o mesmo por ti. Vamos parar por aqui. Não disse. Porque ela era como uma plataforma de segurança. Um ninho onde se regressa ao final do dia. Tinha um equilíbrio mental invejável, que de alguma forma se lhe transmitia e lhe servia de referência. A constância resignada do seu amor era um bálsamo de que ele não queria abdicar. E, ao mesmo tempo, ele sabia que poderia deixá-la quase sem um estremecimento, se assim decidisse.

Sai! Repetiu a mulher. Porque assim que ele se aproximou, a porta de casa ainda aberta atrás das suas costas, ela sentira o cheiro do quarto, da cama, dos braços da mulher onde estivera momentos antes. Não lhe apetecia chorar. Sou um cão, pensou. E envelheceu 40 anos.

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