Saturday, November 29, 2008

Agricultura

Um dia não quererei mais a cidade. Nesse dia vou abandonar o medo. Nesse dia vou esquecer como se escreve. Nesse dia não me sentirei sozinha. Nesse dia ponho o chapéu que foi da minha avó, esse que é de palha e tem uma fita, e sairei para o pátio e plantarei uma roseira num velho tacho de esmalte. E os meus olhos serão azuis, como as laranjas à janela da cozinha, como o milho a crescer no lameiro, como as uvas pendentes da latada, como o cão que dorme à sombra e a lenha empilhada sob o telheiro.

1 comment:

sethyoder said...

também quero isso tudo...