Monday, October 20, 2008

Olívia Palito


No mundo dos adultos, ninguém se sente à vontade para dizer na cara de outra pessoa que ela é gorda/balofa/quadrada/obesa, contentando-se com alguns eufemismos mais ou menos correctos. Mas ninguém parece inibir-se de dizer a alguém magro que está esquelético/escanzelado/anoréctico ou que de frente parece estar de lado e de lado não existe, e mandar piadolas sobre a folha de alface ou a ervilha que o magro ingeriu na última semana. Alguns, como penso já ter referido, mostram-se até preocupados com o aspecto "doente" do magro, aconselham-no paternalmente a comer mais, a tomar vitaminas, fazer análises e ir à bruxa.
Ao fim de alguns meses a ouvir isto quase diariamente, uma pessoa cansa-se. E começa a olhar-se ao espelho e a perguntar-se se pareceria saído de Aushwitz caso rapasse o cabelo. Não é agradável ser-se demasiado magro. Mas, por muito que vos custe acreditar, não se trata de uma opção. O magro é magro porque é. É, provavelmente, mais difícil para um magro engordar do que para um gordo emagrecer. Não importa a quantidade de alimentos que consiga ingerir. Fala-vos alguém que, nos últimos meses, já comeu quantidades astronómicas de tudo o que há de mais calórico, inverteu todos os artigos de revistas com dicas para emagrecer, ingeriu quilos de frutos secos, tomou suplementos, geleia real e outras coisas intragáveis e não engordou 0,5 g. Não, amigos gordos, não tenho nenhum conselho para vos dar.

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