Sunday, September 12, 2010

Pérolas (re)encontradas

As primeiras páginas que usei para escrever foram as de um diário. Ainda não tinha feito 7 anos e continuei a usá-lo por muito tempo. À mistura com as confissões ridículas do costume, encontrei um conto que nunca cheguei a terminar. Quando o escrevi tinha 10 anos e, felizmente, o que me sobrava em imaginação faltava-me em sentido auto-crítico. Transcrevo-o tal como está (os erros são os do original).
"No tempo em que os animais falavam davam-se estranhos acontecimentos que vale a pena contar.
No Vale Feliz todos os animais se davam bem. As casas eram feitas de doces, as escolas mais divertidas.
O Vale Feliz era um estranho lugarejo esquecido.
Mas vamos à história.
Bem no centro da aldeia havia uma casa muito grande, mas apenas se conservava o seu interior. Era uma casa velha, o jardim era uma selva, excepto um grande castanheiro que permanecia ali dando beleza àquele lugar.
O Nico e a Mariana eram dois irmãos gatinhos, muito amigos. Como não tinham nada que fazer no Verão, decidiram espreitar o quintal da velha casa.
Os dois entraram bem devagar e correram até ao castanheiro.
_Olha, Nico! Este ramo dá para fazer um baloiço formidável!
_É uma boa ideia. Vou já à garagem do pai! _ disse o Nico, correndo até lá.
Pegou numa tábua e numa grossa corda e voltou ao local.
Os dois trabalharam no baloiço e quando ficou pronto, ouviu-se uma voz:
_Qui! Qui! Que fazem aqui?
Ao princípio não ligaram e julgaram ser o vento, mas depois prestaram atenção...
_Qui! Qui! Que fazem aqui? _ disse uma barata, vestida de preto, que saiu da casa.
Os dois correram e esconderam-se na loja de gelados.
A velha barata voltou para dentro.
_ Mas que monstro! _ exclamou a Mariana.
Nico concordou:
_Sim, mas eu acho que aquele baloiço é mágico! _ olhando para o baloiço que agora estava rodeado de estrelas.
_Foi a fada Íris! _ respondeu Mariana encantada _ Vamos lá de novo!
_Está bem.
Os dois pularam o velho muro e aproximaram-se.
O baloiço parecia gritar:
_"Sentem-se! Sentem-se!"
_Vou experimentá-lo _ resolveu o Nico.
Montou o baloiço e balançou-se.
De repente subiu no ar e desapareceu.
_Espera! Eu quero ir aí! _ gritou Mariana e seguiu o exemplo. Encontrou então o irmão e um mundo mágico.
Parecia uma feira! Uma feira diferente. Numa barraca amarela e verde uma cadelinha oferecia a todos pipocas. O ursinho Kevin vendia balões coloridos e uma minhoca oferecia gelados deliciosos. Os carroceis eram só para eles. Não havia mais pessoas ali.
Depois do divertimento, uma fada humana vestida de arco-íris disse:
_Voltem já para baixo. A única saída é por ali. _ aconselhou ela apontando um alçapão no meio das nuvens.
Eles seguiram por ali e caíram na sua cadeira à mesa. Já havia escurecido e os pais aguardavam."

2 comments:

mitro said...

Que interessante conto infantil.
Porque não tenta de novo dar vida a esse mundo?

marta said...

Olá, Mitro, bem vindo ao blog!
Este fragmento de conto infantil só podia ter sido escrito na minha infância... acho que perdi algumas coisas imprescindíveis para viver no mundo infantil.
Cumprimentos!