Faz de conta que tu és um gato e eu um castelo de cartas.
Wednesday, July 28, 2010
Friday, July 23, 2010
vértice
Voltei ao meu ninho, como sempre volto quando a vida me maltrata e me atira brutalmente contra as paredes dos fins de todas as coisas.
O teu silêncio de lágrimas a doer-me, está um dia seco de Verão, passo ao lado do cemitério e decido entrar. Ainda não tenho aqui ninguém. Mas é um aconchego a brancura do mármore, o sábio silêncio dos mortos, e aquela estátua negra da Morte, na atitude de uma mãe que se prepara para nos beijar a testa. Preferia talvez que a morte me beijasse na boca, mas isso são privilégios da Vida, que é cruel e oferece e arranca, beija e esfaqueia, sorri e insulta.
Mas como é bela, essa estátua da Morte, envolta num longo manto de musgo e verdete, a lembrar-nos a paz e a justificar tanta coisa com a trasitoriedade de tudo...
Alguns metros depois, todos os lugares da minha infância de verdade e joelhos esmurrados: as árvores a que subia, os muros em que me esqueci tantas tardes, à procura de respostas _ respondias-me, se tivesses estado lá, nessas noites aéreas de feno e calor? _ a minha casa agora ao abandono, ainda com as minhas roseiras brancas a florescer na sombra, e o meu quarto intacto, uma boneca nua e sem cabelo em cima do roupeiro, para lá da janela.
Tudo o que eu gostava que soubesses de mim e não hás-de saber nunca. Eu sempre um vértice solitário no final de duas rectas de distância.
Tuesday, July 20, 2010
Saturday, July 17, 2010
Saturday, July 10, 2010
Sabes,
Monday, July 5, 2010
momentos RFM
Nunca fui fã da Mafalda Veiga, mas esta tem uma letra absolutamente fabulosa.
Pedes-me um tempo,
para balanço de vida.
Mas eu sou de letras,
não me sei dividir.
Para mim um balanço
é mesmo balançar,
balançar até dar balanço
e sair..
Pedes-me um sonho,
para fazer de chão.
Mas eu desses não tenho,
só dos de voar.
Agarras a minha mão
com a tua mão
e prendes-me a dizer
que me estás a salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração...
Pedes o mundo
dentro das mãos fechadas
e o que cabe é pouco
mas é tudo o que tens.
Esqueces que às vezes,
quando falha o chão,
o salto é sem rede
e tens de abrir as mãos.
Pedes-me um sonho
para juntar os pedaços
mas nem tudo o que parte
se volta a colar.
E agarras a minha mão
com a tua mão e prendes-me
e dizes-me para te salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração.
Pedes-me um tempo,
para balanço de vida.
Mas eu sou de letras,
não me sei dividir.
Para mim um balanço
é mesmo balançar,
balançar até dar balanço
e sair..
Pedes-me um sonho,
para fazer de chão.
Mas eu desses não tenho,
só dos de voar.
Agarras a minha mão
com a tua mão
e prendes-me a dizer
que me estás a salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração...
Pedes o mundo
dentro das mãos fechadas
e o que cabe é pouco
mas é tudo o que tens.
Esqueces que às vezes,
quando falha o chão,
o salto é sem rede
e tens de abrir as mãos.
Pedes-me um sonho
para juntar os pedaços
mas nem tudo o que parte
se volta a colar.
E agarras a minha mão
com a tua mão e prendes-me
e dizes-me para te salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração.
Thursday, July 1, 2010
Naquele engano d'alma ledo e cego...
... é a legenda azul de um dos paineis de azulejos do Tribunal. Por cima, Pedro e Inês passeiam na verdura luminosa da Quinta das Lágrimas. Viram-nos as costas, enlaçados pela cintura, corre-lhes a água aos pés. Segue-os um cão que é como um aviso, e sobre as suas cabeças há duas borboletas brancas de um destino de efemeridade.
Pena que o enquadramento de tal figura tenha os tais anjinhos com barrigas em pregas flácidas e homens nus, segurando grinaldas de frutos, que, se eu fosse lombrosiana, diria serem retratos de criminosos, a olhar os querubins pelo rabo do olho.
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