Sunday, November 11, 2007

Desencontro


Desirmandade, irmãos!


Margens do mesmo rio,


Mas sem ponte.


É como se a unidade


Dum bifronte


Se perdesse,


E a mais sedenta face


Recusasse


Beber na mesma fonte


Onde a outra bebesse.




Sois a noite da vida, e eu sou a madrugada.


Onde começa a luz, começa a dimensão


Da minha humanidade.


Vejo o sol, mostro o sol a quem é cego,


E nego


Que o tenebroso seja a claridade.




Podeis o que não posso:


Entender como lobos


A parábola dos vimes...


Mas é vosso


Também


O pesadelo


Dos crimes.


Meu, é o destino de vos acordar


A cantar.






Miguel Torga

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