Desirmandade, irmãos!
Margens do mesmo rio,
Mas sem ponte.
É como se a unidade
Dum bifronte
Se perdesse,
E a mais sedenta face
Recusasse
Beber na mesma fonte
Onde a outra bebesse.
Sois a noite da vida, e eu sou a madrugada.
Onde começa a luz, começa a dimensão
Da minha humanidade.
Vejo o sol, mostro o sol a quem é cego,
E nego
Que o tenebroso seja a claridade.
Podeis o que não posso:
Entender como lobos
A parábola dos vimes...
Mas é vosso
Também
O pesadelo
Dos crimes.
Meu, é o destino de vos acordar
A cantar.
Miguel Torga
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