Monday, August 6, 2007

partir

Entregar tudo à aventura incerta que se me estende. Um barco faz-se ao mar na escuridão de uma invernia.
Onde a âncora que devia prender-me ao abrigo de um porto qualquer?
O medo de ir, a repugnância de ficar. Um sonho a acenar-me da lonjura de uma infância e a mão da sensatez no ombro.
Seria tão mais fácil a ditadura de um destino ou a intervenção de um deus... Em vez de pagar com lágrimas a exorbitância da Liberdade.

3 comments:

José said...

- Ir -

Corro até à janela motivado sem pressão e, com atenção, observo. Não venho ver coisas banais, sinceridades póstumas de um sol ainda alto. Não venho ver relógios a torcer, pés para os contornar nem actividade. Observo só, do postigo da minha fértil imaginação, aquelas frestas de luz que trespassam, e olho com atenção e sem pressão, motivado por um pouco de tanto nada, almas e ideias prezas sem correntes, amordaçadas por terem voz e vontade, reticentes por lhes parecer que há algo que efectivamente se abandona:

- Não seguir o sonho é renegar o ideal, é perder sem nunca ter jogado - uma urticária incómoda que ficará em nós.

Hoje creio (pois longe vão todas as minhas certezas) que a tentativa, que o permitir, a nós mesmos, prosseguir o que se entende querer é condição fáctica e elementar para tentar não retorcer o inquieto espírito a uma vivência de um nunca ter feito.

Quer, tenta, faz: são três verbos de uma só aventura.

Anonymous said...

"Viaje segundo um seu projecto próprio, dê mínimos ouvidos à facilidade dos itinerários cómodos e de rasto pisado, aceite enganar-se na estrada e voltar atrás, ou, pelo contrário, persevere até inventar saídas desacostumadas para o mundo. Não terá melhor viagem."

José Saramago

Anonymous said...

sim...

Talvez ainda hoje partas, ou amanha fiques aqui, onde eu e apenas eu fui capaz de te chamar. Parto me em pedaços na gostosa saudade de uma primavera que se seguiu a um inverno lancinante. Chamo te e estou chamar por mim, nada sei, e riu me bem alto lá do alto do inferno bem fundo visto do meu céu. Meu porque esta aqui a chave que tu me deste e que guardo no meu cofre que a ti te pertence. Partir... todos se esquecem que o céu é redondo e que se continuares em frente vais ter onde ficas te. Comove me a tua partida mas jamais chorarei esse teu outono, pois para mim é mau, mas é e sempre será a tua estação. Vai lá, perde te e faz te encontrar no melhor dos outros pois assim és tu.

Ironia seres uma falling soul.

Onde estava o espirito que agora tens?
Gosto de tocar nas teclas, e cheirar te aqui.

Põe te é a andar


(quero é ser hoje... ipá!!!... queres ver que já estou no amanhã. Parei e agora falo do hipotético...)

?